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EXPLOSÃO

"Aquele que controla os outros pode ser forte, mas aquele que se domina é ainda mais poderoso." - Lao Tsé

O dia 03/10/2018 começou as 02 horas da manhã. Ouço passos no corredor, em direção à cozinha. A geladeira é aberta e logo em seguida é fechada. Neste momento tenho a certeza: Alguém está acordado a essa hora. Penso, deve estar com sede, não requer minha atenção, voltarei à dormir pois em 3 horas estarei de pé, tomarei meu café, farei meu alongamento e sairei para me divertir. Como me divirto às cinco e pouco da manhã? Comece correr todas as manhãs e irá entender facilmente o sentido da palavra "Diversão" nesta frase.

02:45 horas da manhã. Novamente ouço passos pela casa. Tempos atrás minha mente fantasiaria um monstro enorme que viera para devorar nossos cérebros e nos transformar em zumbis. Mas não, tinha alguém perambulando pela casa, fosse por insônia, sede e ou qualquer outro motivo, tinha alguém acordado e logo estava lá, abrindo novamente a geladeira. Minha casa não é enorme, mas também não é tão pequena assim. Mesmo que os aposentos do Rei "Eu", fiquem nos fundos do castelo, dá para ouvir os passos lá na frente.

Naquele momento, aquela ação começou à me colocar em estado de alerta, pois alguém acordado aquela hora poderia estar passando por algum problema. Porém, novamente pensei: Poxa, são quase 03 horas da manhã. Não vou me levantar e perguntar se a pessoa precisa de ajuda, afinal se realmente estivesse em uma situação que exigisse atenção, teria solicitado.

Meu cérebro sempre foi muito ativo. Pena que por muitos anos a minha mente "luz" não acompanhou a movimentação suspeita do meu cérebro. Hoje posso dizer que ele deu indícios de que poderia ser melhor aproveitado, mas, minhas crenças limitantes e meu crítico interno me privaram da abertura mental e otimização dos recursos que tenho hoje. Nesta madrugada do dia 03/10, claro que meu cérebro começou a trabalhar, sempre fez isso e agora que está sendo otimizado, não seria diferente. Várias coisas que deveriam ser pensadas ao longo da minha corrida matinal e que se estenderiam para ao longo do dia, divididas entre pensamentos e ações, pairavam sobre minha cabeça e a essa hora já deveríamos estar nos aproximando das 03 e pouco da manhã. Como o silêncio se manteve por algum tempo, tentei dormir novamente, mas a tentativa de dormir foi em vão, apenas cochilos em flashs dosados de 5 em 5 minutos aproximadamente. Por volta das 04:40 horas, a geladeira se abriu de novo, daí não aguentei, levantei 20 minutos antes do programado e iniciei meus preparativos para correr.

Antes de dar continuidade ao post, quero lhes dizer que não vou mencionar detalhadamente quem era o "sleepwalk", mas para não deixar minha história confusa, dêem uma olhada no post anterior e vão entender.

Então, como já estava de pé, enquanto passava meu café agi como se nada tivesse acontecido. Procurei não me estressar, o pior já tinha passado. A noite foi mal dormida? Foi, mas e daí?! Uma corrida bem aproveitada, independente a quantidade de quilômetros percorridos, pode salvar o dia de alguém. No meu caso sempre salva. Em meio as distâncias, enquanto me movo do ponto A para o ponto B, resolvo meus conflitos, penso melhor em algumas situações e quase sempre tenho INSIGHTs que me ajudam e muito.

Mas, instantes após o primeiro gole de café, escuto novamente o "sleepwalk" pela casa. Dessa vez não tinha como não perguntar. Não quero expor a pessoa, até porque ela precisa de ajuda e não é pouca. As perguntas iniciais, foram: Está tudo bem? Precisa de algo? Como posso lhe ajudar neste momento? Todas as respostas foram negativas. Recebi alguns agradecimentos pela minha preocupação, mas que estava tudo bem e que eu seguisse com minha programação.

Naquele momento "me quebrei" pela 1ª vez no dia. Acabei não saindo para correr, e não porque perdi a minha vontade, aliás, hoje corro muito mais por prazer e disciplina do que quando comecei, onde eu só tinha o desejo de perder alguns quilos. Eu não sai para correr porque aquelas respostas me deixaram intrigado. Como uma pessoa passa a noite / madrugada "zanzando" pela casa e não está com problemas?

Num dos inúmeros vídeos que assisti sobre coaching, o narrador de determinada situação diz: Se você receber uma resposta negativa, e não se der por satisfeito, acreditando que aquela ação não seja a resposta definitiva e também não seja o melhor caminho, então você deve encontrar um caminho para continuar a conversa, até que a melhor solução para o caso em questão seja encontrada.

Essa é a missão de um bom Coach.

Enquanto terminava meu café, li mais algumas coisas, consultei também meu caderno de anotações e fui de encontro à pessoa. Iniciamos nossa conversa de forma tímida até que a coisa começou andar com mais fluidez. Em resumo a pessoa em questão teve um ataque de medo na madrugada. Não conseguia dormir e por isso ficou andando pela casa. Percebi também que a geladeira foi nada mais nada menos que uma fonte de escape. Nunca a afirmativa de que quando estiver nas trevas procure a luz fez tanto sentido. A concessionária de energia agradecerá a contribuição dada, através da minha geladeira.

Com a resposta: Medo, me quebrei pela 2ª vez, pois um ou dois dias antes tivemos uma conversa maravilhosa e posso dizer a plenos pulmões que FOI A MINHA PRIMEIRA SESSÃO DE COACHING. Aquilo foi sensacional, surreal, maravilhoso mesmo. À medida que íamos nos aprofundando, mais e mais eu sentia que estava no caminho certo e provocando reações positivas no coachee, espero que possa usar este termo. Ao término desta primeira sessão, a pessoa me agradeceu muito, chorou e se dispôs à mudar seus pensamentos e tentar ver o mundo, o seu mundo, sobre outra perspectiva. Aquela noite foi de paz e harmonia. Lembrando que a pessoa em questão já estava hospedada em minha casa. Na manhã seguinte a sessão, recebi novamente os agradecimentos e uma frase que me fez ganhar aquele dia. "Obrigado, essa noite sonhei como a tempos não sonhava..."

Então por que "cargas d'água" essa pessoa regrediu? Por que ela não conseguiu dormir sobre o pretexto de "medo"? Medo de que? Claro que tomei conhecimento e ainda estou aprendendo. Sei que apenas uma sessão provavelmente não será suficiente e a repetição levará à perfeição, afinal é um treinamento. Finalizamos por ali, pois em instantes estaria eu indo para o trabalho e com a cabeça a mil depois desta nova conversa.

No trabalho, nada de muito novo, algumas coisas já haviam sido adiantadas no dia anterior, sendo assim teria um bom tempo disponível. "So far so good."

Por volta das 11 horas recebo uma mensagem da minha Esposa. Ela não estava bem e queria ir ao médico. Vou ser bem sincero, para ela querer ir ao médico é porque não estava bem mesmo. Me prontifiquei e perto das 12 hora já estava em casa. Constatei, realmente ela não estava bem, e o pior, ela havia absorvido parte do estado de depressão e medo de nosso hospede. Tudo o que eu não queria que acontece, aconteceu. Era quase inevitável isso, até pela proximidade dos dois (laços de sangue), neste caso sou apenas o coadjuvante, se é que me entendem!? E ao perceber o estado de minha Esposa, fui ver como estava nosso hospede e percebi que estava acuado, no escuro e "fugindo" de um confronto comigo. Não porque ele temia uma discussão, mas sim, porque em meio às minhas perguntas, entendi que toda aquela situação com minha esposa, aconteceu porque o hospede usou de um "teatro mental" para com ela. Se colocando em estado depressivo e exigindo dela mais atenção ainda do que já estava recebendo. Ao chegar ao seu refúgio percebi também que o estado dele tinham melhorado em relação ao estado em que o encontrei pela manhã. Naquela hora ele não mais tremia e sua vez estava segura, porém ao me pedir desculpas pelo comportamento apresentado de manhã e também naquela hora, me fez ter a certeza de que a mente dele o dominava, e o pior, negativamente. Me quebrei ai pela 3ª vez no dia.

Perdi o apetite, e acelerei ao máximo a ida para o hospital com minha Esposa, em minutos chegamos ao Centro médico da cidade. Devido ao seu estado, o que rotineiramente duraria apenas alguns minutos, ou uma hora no máximo, nos consumiu um tempo considerável. Era aproximadamente 15:30 horas e ainda estávamos lá. Claro que a preocupação com ela era maior, e eu só sairia de lá quando tivesse a certeza de que ela estava bem, assim o fiz, mas para uma cabeça que não para 01 segundo, eu estava calculando o tempo necessário para, buscar nosso filho na escola, também estava trabalhando e coordenando as operações da empresa pelo celular e outros, além de outras coisas. Para não perder a sanidade montei meu cubo mágico umas 39 vezes.

Bem, por volta das 16:20 horas, fomos liberados (Graças ao bom Deus), ela não estava 100% mas estava melhor do que quando me chamou pedindo ajuda. Ela tomou alguns medicamentos e aquilo a deixou "groguinha." Totalmente sem recursos, ela só precisava deitar e dormir enquanto os remédios agissem. Já eu? Ainda precisaria trabalhar, terminar algumas coisas que só seriam possíveis presencialmente. Porém à essa altura, exausto e com fome. Por alguns instantes quase explodi, mas essa ação de explosão eu tomaria alguns meses atrás. Mas só de pensar em explodir eu me quebrei pela 4ª vez no dia.

Voltei ao trabalho e logo já estava executando as ações necessárias e finalizando as pendências. Meu trabalho fica bem próximo da minha casa e com isso ganho um tempo considerável com as locomoções.

As 17 horas consegui sair, sem deixar pendências para o próximo dia. A escola onde meu filho estuda também está muitíssimo perto do meu trabalho, e em menos de 5 minutos depois de ter saído do trabalho já esta eu de mãos dadas com meu filho.

Prevendo o fim do dia dele, antes da chuva que se aproximava, parei o carro próximo ao centro de lazer aqui do lado. Ele entendeu na hora, pois ao lado do carro estava o pé de amora. Ele é louco por amora. A arvore estava carregada daquelas frutinhas e pudemos colher bastante, a ponto de encher um copinho descartável. Consegui ali, um abraço e um obrigado.

Pouco tempo depois, demos uma passada rápida na casa de minha mãe. Ele queria ver a Avó e vice-versa. Começou à chover e estendemos um pouco mais nossa estadia lá, até que fosse possível sairmos em direção ao carro. Para variar ele e a Avó estavam num "grude" só. Conseguimos arrancar alguns sorrisos e frases "fofinhas" dele. Ufa, não estava sendo tão ruim para ele.

Fomos para casa, minha Esposa estava bem melhor. Já eram aproximadamente 19 horas, e eu estava tranquilo pois a havia deixado dormindo e sob cuidados. Ela e meu filho, se abraçaram e trocaram juras de amor por alguns minutos. Eles sempre fazem isso. Me quebrei pela 5ª vez no dia com essa cena dos 02 juntos. Logo entenderão...

A essa altura do campeonato, aos 45º do 2º tempo com + 5 min. de acréscimo, eu já estava mais próximo de explodir do que de um estado cheio de recursos. Eu estava perdendo o meu equilíbrio, mas ainda estava sóbrio.

Vocês sabem o que é uma pessoa EXPLOSIVA e uma IMPLOSIVA?




EXPLOSIVA: É aquela pessoa que briga num supermercado pela demora na fila e ou por 03 centavos de troco.

IMPLOSIVA: É a pessoa que está atrás do caixa do supermercado ouvindo tudo aquilo, de várias pessoas ao longo do dia. Mas a pessoa implosiva não pode explodir, porque ela pode colocar em risco seu trabalho, e em muitos casos depende muito dele porque é o arrimo de família.

O que eu estava sendo naquele momento? R: O caixa, o implosivo. Não sei se foi bom ou ruim. Por um lado foi bom porque me controlei. Me agradeci muito por aquilo, fiquei realmente feliz com o meu auto-controle mas internamente eu ainda estava destruído.

Vou lhes dizer o por que:

Ontem, 03/10/2018, foi o aniversário de 05 anos do meu filho amado. O nome dele é Enzo e nós o amamos muito. Eu tinha planejado um dia perfeito para ele após o período na escolinha. Ele estava esperando este dia também e quis muito ir para a escola para compartilhar com os amiguinhos a informação de que estava fazendo 5 anos.

Como a data caiu numa Quarta-Feira, planejamos a festinha "de verdade" para o próximo final de semana, mas ontem queríamos sim cortar um bolo de aniversário para ele. Ele merece, é um menino de ouro e esperava que isso acontecesse. Porém todos os acontecimentos do dia nos levaram para um caminho diferente daquele que queríamos que fosse. Por isso dei tanta ênfase nos horários.

Por isso eu estava tão destruído. Essa data é muito especial para ele e para nós. Mas por uma ação impensada, de uma mente confusa que não pode simplesmente ser abandonada, o aniversário do Enzo passou em branco.

As 19:50h ele dormiu...



                                      Te amo, filho. Você é o meu bem maior, viu?!










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