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VÍCIO IMBECIL SEM TAMANHO (V.I.T)


O que me furtava os momentos de abundância, de prosperidade?
R: O cigarro. O vício em tabaco, o tabagismo em si. Nos dias de hoje, ao invés de nomear este vício como tabagismo, o nomeio facilmente como: Vício numa imbecilidade sem tamanho.

Percebi isto naquele mesmo dia 31/12/2016, perto das 23 horas, quase para acabar aquele dia “bosta”, que o que me travava, que me aprisionava era o maldito “cigarro”. Estava totalmente ferrado naquele dia mas tinha estocado uns 100 cigarros, ou compactando-os em pacotinhos, eram 5 maços estocados para passar o dia 31/12/2016.
Daí então, dá luz recebida em diante comecei a fazer cálculos, cálculos e mais cálculos… Meu Deus, era aquilo tudo mesmo? O que eu estava fazendo da minha vida? Auto-sabotagem? Burrice?
Voltando no tempo, em 1995 eu coloquei o meu 1º cigarro na boca. Nas férias escolares de Julho ou Dezembro daquele ano (não me lembro bem), eu fui para a casa de uma tia, passar o período de férias com meus primos. Essa minha Tia, sempre foi o point da “primaiada” e olha que tem primo, heim?! Se não me falhe a memória, são aproximadamente 50. Também meus Avós maternos capricharam. Foram 10 filhos. Pelo jeito na época deles não tinha TV, nem rádio, nem nada (sic) só uma cama mesmo e muito amor (risos)… 

                             Olha a fila do banheiro na casa da minha Tia. 


                                                              imagem ilustrativa
Toda vez que chegava o período de férias, os tios, incluindo meus Pais, enviavam seus filhos para a casa da minha tia, carinhosamente chamada de “Tia Toninha”. Não me lembro de ninguém, exatamente ninguém reclamando de ir para lá nas férias. Ao contrário, implorávamos para ir. Era o melhor lugar do mundo. Nos divertíamos demais. Mas em 1995, já aos meus 13 anos, certos divertimentos já não eram mais tão divertidos. Certos assuntos já não me prendiam mais, principalmente com relação aos meus primos mais novos. Aos 13 anos eu só pensava em beijar, em sair com os mais velhos, ser “descolado” como eles. E claro, sem hipocrisia? Eu queria transar. Como diz o personagem do Gui Santana: Eu quero é transaaaaaarrr!!!! Claro que aos 13 anos de idade eu pensava em sexo o tempo todo. Então o que eu fiz, comecei a sair com os primos mais velhos. O destino? A praça central da cidade. Naquela época o “barato” era ir para a praça e lá ficar por horas conversando, vendo o movimento, paquerando etc.
Nessa vibe de praça, nas férias era uma obrigação ir todos os dias, algumas coisas novas começaram a aparecer na minha vida. Não que eu já não conhecesse, seja por já ter experimentado antes, como a cerveja, ou por ter convivido, que é o caso do cigarro pois meu pai fumava (e muito). A frequência com que eu via estas coisas começou a moldar e mudar a minha percepção de realidade.
O que os “descolados” faziam? R: Fumavam e bebiam;
Com que frequência? R: Praticamente o tempo todo enquanto estavam na praça;
Como eram vistos? R: Adultos e claro “descolados”;
O que eu devia fazer? R: Bora se descolar também, ué.
E assim começou a minha relação com o meu vício que. Lembrando que o nomeei como: Vício numa imbecilidade sem tamanho.
Então, de volta às 23:30 horas do dia 31/12/2016, exatamente onde eu começara à calcular o custo daquilo, cheguei ao absurdo montante:
·         Tempo fumando: 21 anos;

·         Média de cigarros fumados por dia: 20 cigarros;

·         Média por ano: 7.300 cigarros;

·         Média em 21 anos: 153.300 cigarros fumados;

·         Valor médio do maço “considerando os valores atuais”: R$ 10,00 (Dez reais);

·         Valor total gasto em 21 anos (aproximado): R$ 76,650 (Setenta e seis mil…);

·         Valor gasto dividido por ano: R$ 3.650,00 (Três mil seiscentos e cinquenta reais);

·         Valor que eu NÃO OBTINHA PARA PASSAR UM FINAL DE ANO DESCENTE com minha família em 31/12/2016: Exatamente R$ 3.650,00.

Cheguei a literalmente queimar, durante aquele ano todo, R$ 3.650,00 reais em cigarros. O que me faltava justamente naquele dia não eram os R$ 3.650,00, mas uma boa parte dele. Para que eu tivesse um parâmetro naquele dia de descoberta, eu fiz uma conta simples. Lembrei-me da viagem programada, onde eu havia reservado R$ 1.500,00. Esse valor guardado com tanto sacrifício correspondia a apenas 41% do valor gasto com cigarros naquele ano. A história poderia ter sido completamente outra se não tivesse me roubado R$ 3.650,00 com o meu V.I.T (Vício numa imbecilidade sem tamanho).
Naquele momento começava a virada na minha vida, pois já havia identificado o problema, quais eram as possíveis soluções e dentre elas, qual era a melhor solução. E eu não poderia tomar medidas paliativas. Tinha que ser algo definitivo em minha vida. 

Começava ali a minha luta para a me ver livre do V.I.T. Meu vício numa imbecilidade sem tamanho.





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